quarta-feira, 27 de abril de 2011

Fundamentação Teórica



CENTRO DE TRIAGEM, APRENDIZADO E ADMINISTRAÇÃO DO LIXO

Analisando o despejo irracional de lixo em lugares inadequados devemos para pensar qual o espaço certo para gerar novas oportunidades e trabalhar (separar, armazenar, dar um reuso, reciclar) com o lixo?

O Consumo e a Sociedade
v O sistema de economia capitalista nos dias atuais é um buraco sem fundo, quanto mais consumirmos, mais temos que consumir;

v Hoje o consumo é um dos principais instrumentos de satisfação pessoal;

v Segundo DI GIORGI, “Quando você joga algo “fora”, na verdade está jogando “dentro”, dentro do nosso planeta”;


O lixo, os catadores e a geração de renda
·         Segundo ABNT, denomina-se lixo os restos das atividades humanas, considerados como inúteis, indesejáveis ou descartáveis

·         Há Catadores de todo tipo, podem ser classificados em:
Trecheiros: que vivem no trecho entre uma cidade e outra.
Catadores do lixão: catam diuturnamente nos lixões
Catadores individuais: catam por si, preferem trabalhar independentes, puxam carrinhos muitas vezes emprestados pelo comprador que é o sucateiro ou deposita.
Catadores organizados: em grupos onde todos são donos do empreendimento, legalizados ou em fase de legalização como cooperativas, associações, ONGs ou OSCIPs.

·         O lixo produzido nas cidades brasileiras é responsável por muitos problemas, mas também tem sido fonte de renda para muitas famílias. O que para alguns membros da população é um problema, para outros é solução de vida.


Classificações do Lixo
Ø  O lixo pode ser classificado como “seco” ou “úmido”. O lixo “seco” é composto por materiais potencialmente recicláveis (papel, vidro, lata, plástico, etc.). O lixo “úmido” corresponde à parte orgânica dos resíduos, como as sobras de alimentos, cascas de frutas, restos de poda, etc.

Ø  Pode ser também apresentada: lixo urbano; lixo domiciliar; lixo comercial; lixo público; lixo especial; lixo industrial; lixo de serviço de saúde; lixo atômico; lixo espacial; lixo radioativo; lixo de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários; lixo eletrônico; Entulho.


O destino do Lixo Urbano
*      O destino do lixo deve ser diferente, de acordo com cada tipo de resíduo que o constitui. Entretanto, o destino mais comum que se dá para qualquer resíduo são os chamados “Lixões”


Tratamentos para o Lixo
* Os processos de tratamento dos resíduos são os seguintes: Aterro Sanitário, Aterro controlado, Lixão, Incineração, Pirólise, Digestão Anaeróbica, Compostagem, Centrais de Triagem e Reciclagem.


Triagem, reutilização e reciclagem do lixo
Þ    É preciso espaços e locais adequados para a destinação e para o trabalho com o lixo

Þ    3R’s – Reduzir, Reciclar, Reutilizar



O Resgate do lixo através de oficinas
§  Proporcionar um espaço para as pessoas aprenderem a transformar o lixo em novos materiais para serem usados

§  Gerar novas oportunidades, oferecer empregos, geração de renda, auxilia na economia do município e ainda colaborar com a natureza.


Espaços administrativos flexíveis e funcionais
ü  Hoje edificações são criadas para atender determinadas funções, os espaços são planejados em função de necessidades e condicionantes apresentadas no momento da concepção.
ü  São necessários espaços adequados e flexíveis para atender as mais diversas necessidades de um setor administrativo.

ü  Atualmente a evolução nas técnicas de construção, principalmente aquelas que tratam da estrutura das vedações, que possibilitam a montagem e desmontagem.

Estudos Bibliográficos

 

Punt Verd – Fábrica de Reciclagem, Barcelona – Espanha


A fábrica de reciclagem Punt Verd, localizada em Barcelona, em uma área industrial. A edificação foi projetada pelo arquiteto Willy Muller:

Arquiteto Willy Muller
Fonte: http://www.world-architects.com/willy-muller/


O Projeto

 Esta edificação foi construída para contemplar o plano de gerenciamento da gestão de resíduos sólidos da cidade, que tinha a meta de ampliar sua porcentagem de materiais reciclados de 30% para 70%. As instalações do Punt Verd ocupam 6.675m².
O espaço em que está localizado pode ser considerado um ponto estratégico, visto que é possível manter a Fábrica de reciclagem com o lixo gerado ao seu redor (pelas indústrias).



Implantação
Fonte: http://www.mercabarna.es/mediambient-neteja/punt verd/planol_punt_verd.html, adaptado pela autora, 2011


Na planta a seguir, observa-se a distribuição dos espaços de acordo com a necessidade e seu uso.



Planta Baixa
Fonte: http://www.mercabarna.es/mediambient-neteja/punt verd/planol_punt_verd.html,


A estrutura, apresenta um grande alpendre que é a plataforma de carga e esconde a verdadeira moldura estrutural no centro do edifício, realizada por grandes pares de pilares, a estrutura de distribuição de volumes e vazios está de acordo com os dois diferentes tipos de resíduos: orgânicos nos volumes “fechados” e inorgânicos nas partes vazadas, a partir dos quais são descarregados pelos caminhões, que podem ser visto abaixo:


 Pilares que sustentam a edificação
Fonte: Fonte: MULLER, 2009 – Adaptado pela autora, 2011



Maquetes da Estrutura
Fonte: Fonte: MULLER, 2009


O esqueleto, que funciona com um balanço de 6,5 metros de um lado e um de 4,5 metros por outro lado, é coberto com chapas metálicas no exterior e com gesso e placas de policarbonato no interior, que tem como objetivo transformar o edifício em composição gráfica de verde e cores prata com letras brancas.


 Cortes
Fonte: Fonte: MULLER, 2009

Na Figura acima, na qual estão representados os cortes do projeto é possível ver as diferentes alturas e formas que a edificação contém. As curvas do edifício são convertidos em sinais ou logotipos para a atividade relacionada, e em linhas de alimentação invertida que ecoam a finalidade da instalação: para inverter a tendência de reciclagem, a fim de alcançar o padrão recém-estabelecida de 70%. Abaixo, seguem respectivamente, a fachada principal da edificação e maquetes eletrônicas de alguns espaços da Fábrica de Reciclagem.

Fachada principal
Fonte: Fonte: MULLER, 2009


Maquetes eletrônicas
Fonte: Fonte: MULLER, 2009


A iluminação tem como objetivo segundo Muller “passar uma mensagem: está estrutura será mais útil e valorizada todos os dias por toda a sociedade”. Abaixo, uma imagem noturna da edificação, mostrando o destaque que a iluminação dá a Fábrica de Reciclagem Punt Verd de Barcelona.

Fotografia Noturna
Fonte: Fonte: MULLER, 2009



Centro de Triagem e Reciclagem de Maceió - Alagoas


Segundo Falcão “A cidade de Maceió dispões de um eficiente sistema de coleta de lixo domiciliar, realizado pela Superintendência de Lixo Urbanos de Maceió (SLUM), que abrange todos os bairros e é realizada diariamente”. O problema está no destino final desse lixo.
Hoje, Maceió possui um lixão a céu aberto que funciona há cerca de 40 anos, a apresentando capacidade saturada, pois recebe em torno de 1.200 toneladas de lixo diariamente.
De acordo com o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado em agosto de 2005, a prefeitura de Maceió se compromete com o Ministério Público a instalar uma aterro sanitário e recuperar a área do lixão, além de promover ações de inclusão social com os catadores de lixo. No entanto, essas ações ainda não foram realizadas, e Maceió continua sendo a única capital nordestina que ainda não possui aterro sanitário.


O bairro a ser implantado


O Centro de Triagem será implantado no bairro Pitanguinha, local onde hoje, já há atividades voltadas a arrecadar material reciclável e Reutilizável. Atualmente esse trabalho ocorre no Centro de Criatividade. Neste espaço é feito a reciclagem e reaproveitamento do lixo, e ainda, promove oficinas de reciclagem de papel.

Galpão da Pitanguinha
Fonte: Falcão, 2009


Espaço atual para triagem do lixo
Fonte: Falcão, 2009


Nas imagens acima, é possível perceber a precariedade dos espaços para depósito e triagem do lixo.
De acordo com Falcão, “a reconstrução deste Centro é de fundamental importância não só para os catadores, mas para toda cidade”.
O Bairro que será feita a implantação reúne condições favoráveis para a implantação do Centro de Triagem e reciclagem de lixo, pois é de fácil acesso, possui uma associação de moradores organizada e seus habitantes já possuem experiência neste ramo, tornando assim a implantação com maior garantia e sucesso.


A escolha do terreno

A escolha do terreno, segundo Falcão, “foi influenciada pelo fato de o mesmo ter sido o local de atuação do centro anterior e devido ao desejo da associação de moradores restituir essa função ao lugar”.
Além disso, o local é de fácil acesso e, por se situar às margens de uma grota, conhecida como a “Grota do Estrondo”, possui grande valor ambiental, adequado, portanto, à instalação de equipamento com a função, dentre outras, de preservar o meio ambiente.
O terreno tem 1.068,91m², e como citado anteriormente, possui topografia irregular, com declive acentuado no sentido oeste/leste. Abaixo é possível observar, através das imagens, o que cerca o entorno do terreno.

Via de acesso
Fonte: Falcão, 2009

Residências vizinhas
Fonte: Falcão, 2009

Vista da grota
Fonte: Falcão, 2009


Vista da grota para a quadra de esportes
Fonte: Falcão, 2009


Percebe-se que o espaço possui pequenas dimensões e declive acentuado. Mas também se deve tirar proveito das características ambientais favoráveis, como por exemplo, a bela paisagem e os ventos dominantes.


Programa de necessidades e fluxograma


Considerando a população do bairro juntamente com a dos bairros vizinhos observa-se uma total de aproximadamente 42.000 habitantes, mais a informação de que uma só pessoa produz em média 500g de lixo por dia, e ainda prevendo o crescimento populacional, tem-se que a capacidade do Centro será de 50t/dia. Segundo Falcão, “para o funcionamento de um centro de triagem desse porte, são necessários uma média de 40 funcionários, dentre os quais, grande parte pode ser mão de obra não qualificada”.
Deste modo o programa de necessidades do Centro de Triagem e Reciclagem de Lixo de Pitanguinha se configurou de acordo com a Tabela a seguir:

AMBIENTE
ÁREA
Setor Administrativo

Guarita
7,91m²
Sala administração
17,30m²
Sala para oficinas e palestras 1
51,71m²
Sala para oficinas e palestras 1
43,58m²
Banheiro Feminino
7,18m²
Banheiro Masculino
7,30m²
Banheiro deficientes fisicos
2,90m²
TOTAL PARCIAL
137,88m²
Setor de Apoio ao Serviço de Triagem de Materiais

Vestiário Feminino
16,70m²
Vestiário Masculino
12,72m²
Copa
10,16m²
Almoxarifado
29,96m²
TOTAL PARCIAL
49,54m²
Setor de Triagem de Materiais

Pátio de recepção de lixo e expedição dos materiais enfardados
100,00m²
Pátio de Triagem
99,49m²
Armazenamento dos Materiais separados
66,70m²
Galpão para compactação e enfardamento dos materiais
103,21m²
Armazenamento de materiais compactados e enfardados
103,21m²
TOTAL PARCIAL
474,13m²
TOTAL
660,03m²
Programa de Necessidades
Fonte: Falcão, 2009 - adaptado pela autora, 2011


Um ponto que deve ser considerado muito importante em um Centro de Triagem o Reciclagem de lixo é a sua funcionalidade. Foi pensando nisso que Marcela Falcão elaborou um fluxograma, a fim de ajustar as relações funcionais entre si e, a partir disso, estabelecer a localização de cada ambiente conforme segue abaixo:


Fluxograma
Fonte: Falcão, 2009, adaptado pela autora, 2011


O projeto


Partido arquitetônico, Implantação e Setorização

O partido arquitetônico, de acordo com Falcão, “levou em consideração o formato do terreno, sua localização e características topográficas, sendo basicamente definido por dois eixos perpendiculares interligados por um terceiro”. Pode-se observar que cada eixo representa um setor que, de acordo com o fluxograma, devem estar ligados diretamente entre si. Acrescenta Falcão:


A partir disso, a proposta resultou em três blocos escalonados, cujas maiores dimensões são múltiplas de 3 (9,12 e 15m), resultando em um “L” ligado por uma bloco quadrado central. O projeto foi zoneado nas fachadas nordeste e sudeste, de modo a captar a ventilação dominante. O projeto de 799,91m², procura aproveitar a declividade do terreno, sendo constituído por dois pavimentos, um ao nível da rua e o inferior na parte de trás do terreno, de menor cota de nível (cerca de -3m em relação ao nível da rua). Aproveitou-se a posição favorável, com ventos nordeste e sudeste, com uso de aberturas nestas faces do edifício e saída de ar no lado sudoeste, que se situa à frente do prédio, em busca de um ambiente de trabalho com conforto ambiental adequado.


 

 Partido Arquitetônico
Fonte: Falcão, 2009


Visando a integração, a arquiteta teve ainda, a preocupação de tornar o ambiente agradável e ainda melhorar a possível má impressão, pelo fato de estar trabalhando com o lixo, sendo então, proposto um projeto paisagístico para o local, explorando a área verde, com canteiros dotados de plantas ornamentais margeando os limites do Centro, e com o plantio de árvores de médio porte e eucaliptos.
Houve também grande influência dos ventos predominantes na região para a implantação do projeto. Na imagem que segue abaixo é possível observar a declividade do terreno e a forma como a edificação foi implantada:

Implantação
Fonte: Falcão, 2009


A proposta foi ainda, dividida em três setores, de acordo com seu funcionamento:
Setor administrativo: espaço destinado ao gerenciamento do Centro, como a guarita, sala de administração e espaços para ocorrer atividades (oficinas de reciclagem de lixo e palestras relacionados com esse tema).
Setor de apoio ao Serviço de Triagem de Materiais: estrutura necessária aos funcionários, como vestiários, copa para as refeições e um almoxarifado.
Setor de Triagem: Área destinada para todas as atividades relacionadas á segregação e beneficiamento dos resíduos, da chegada até sua expedição.

Setorização
Fonte: Falcão, 2009, adaptado pela autora, 2011



Planta Baixa, Cortes, Fachadas e Perspectivas


Na planta baixa é possível observar a localização de cada espaço e a sua finalidade, conforme imagens a seguir:

Planta Baixa 1º Pavimento
Fonte: Falcão, 2009


Planta Baixa 2º Pavimento
Fonte: Falcão, 2009


 
Ao chegar ao Centro, o caminhão de coleta seletiva de lixo estaciona em um galpão de 10m X 10m, com pé direito de 8,68m no ponto mais alto 5,60m no ponto mais baixo, possibilitando a chegada e abrigo para diversos tipos e tamanhos de caminhões.
A edificação possui pé direito de 2,90m em todas as áreas, exceto no galpão, no qual seu pé direito foi elevado em 1,00m, passando a ter 3,90 de altura, pela necessidade de abrigar máquinas de dimensões variadas e estocar fardo de diversos materiais.
Abaixo, seguem os cortes, nos quais é possível ver espaços internos, alturas, aberturas, brises e alguns materiais utilizados na edificação


Cortes
Fonte: Falcão, 2009


Abaixo, segue ainda, as 4 fachadas da edificação, nas quais foram utilizados a estrutura em Concreto-PVC:

Fachadas
Fonte: Falcão, 2009


Quanto a volumetria do projeto é possível perceber que a edificação possui caráter de uma unidade industrial, sendo assim identificável a função do edifício, não somente pelo volume, mas também pelas cores utilizadas, em referência às cores implementadas para a coleta seletiva (vermelho, verde, azul e amarelo, podendo ser vistas nas imagens, que seguem abaixo:


Perspectiva
Fonte: Falcão, 2009


Perspectiva
Fonte: Falcão, 2009